Madras Times - Com sol e anonimato, Espanha atrai criminosos fugitivos

Com sol e anonimato, Espanha atrai criminosos fugitivos
Com sol e anonimato, Espanha atrai criminosos fugitivos / foto: Jorge Guerrero - AFP/Arquivos

Com sol e anonimato, Espanha atrai criminosos fugitivos

Com muitos dias de sol e noites de festa, a Espanha atrai criminosos fugitivos para suas cidades costeiras. No entanto, esta é uma escolha que nem sempre compensa, visto o crescente número de fugitivos presos no país.

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Em 2024, 460 pessoas procuradas pela Justiça, em sua maioria estrangeiras, desde narcotraficantes à delinquentes sexuais e criminosos cibernéticos, foram detidas na Espanha. Em 2023, o número de detidos foi menor, marcando 390.

Desde janeiro deste ano, o número de detenções não para.

"Cada dia prendemos mais pessoas", afirma Fernando González, chefe da seção criada em 2004, que emprega cerca de vinte policiais especializados.

"A Espanha segue sendo um país muito atrativo para os traficantes", admite.

Omar Luis Castañeda, líder da quadrilha Los Alfiles, vinculado a 16 assassinatos em seu país, foi detido em fevereiro perto de Alicante, na região de Valencia, enquanto o sérvio Nikola Vušović, líder da quadrilha Kavac, foi preso em Barcelona em outubro do ano passado.

Em fevereiro, a seção também conseguiu prender Fernando D., supostamente parte do comando que matou dois agentes penitenciários durante a fuga do traficante de drogas francês Mohamed Amra, em maio de 2024, que vivia em uma vila de luxo na província de Málaga.

"Os fugitivos têm perfis muito variados" e "várias nacionalidades", explica González.

Entre eles, destacam-se os "marroquinos", "franceses" e "latino-americanos", cujo número aumentou nos último anos, aponta.

- Desaparecer entre a multidão -

O atrativo da Espanha não é novo.

"É histórico", indica à AFP um investigador francês. "Não é só um destino para delinquentes fugitivos, mas, também, para bandidos que se estabelecem lá e se deslocam entre Marrocos, Espanha e França".

A Espanha oferece qualidade vida, clima ensolarado, cultura festiva e fácil acesso a todo tipo de serviços.

"É um país onde se vive bem (...) é fácil alugar casas com piscinas, que são muito discretas", acrescenta o pesquisador.

Uma análise compartilhada por Carlos Bautista, advogado criminalista e ex-juiz especializado em extradições, que também destaca sua localização geográfica.

"A Espanha é no meio do caminho entre Europa, Américas e África, portanto, é bastante razoável que muitas pessoas venham para cá para se esconder", diz ele.

Em um país que recebe mais de 90 milhões de turistas por ano, onde residem importantes comunidades estrangeiras, especialmente britânicas, francesas e alemãs, é mais fácil para os fugitivos desaparecerem entre a multidão.

Isso lhes permite apoiarem-se "em contatos" e "encontrar ajuda", diz Fernando González, que lembra de uma alemã que foi detida há alguns anos nas Ilhas Baleares.

"Estava há anos na Espanha e não falava nada de espanhol", diz.

- Como gato e rato -

Os fugitivos geralmente se escondem nas áreas costeiras, onde se concentram os estrangeiros.

"Muitos escolhem a Catalunha ou a Andaluzia", especialmente as cidades da Costa del Sol, como Málaga e Marbella, diz Carlos Bautista.

Uma decisão que as vezes não compensa, uma vez que as prisões são frequentes nestas regiões.

"É como gato e rato", mas "geralmente acabamos os encontrando", ainda que precise de "paciência", diz González.

Os métodos? Rastreamento, escutas telefônicas, vigilância de redes sociais e, acima de tudo, cooperação estreita entre os diferentes países, especialmente por meio da rede europeia Enfast.

"A Espanha é um país muito favorável à extradição, portanto, cedo ou tarde, eles acabam sendo presos", enfatiza Bautista.

Nos escritórios da seção de rastreamento de fugitivos, onde abundam fotos de criminosos fugitivos e objetos que lembram as operações realizadas nos últimos anos, um lema orienta as ações: "A paciência do caçador é a virtude do investigador".

"Talvez haja alguns fugitivos por aí que estejam vivendo tranquilamente (...), mas isso não significa que eles escaparão de nós para sempre", adverte González.

L.Chatterjee--MT