Madras Times - Cidade termal fantasma devastada pela corrupção volta à vida na Romênia

Cidade termal fantasma devastada pela corrupção volta à vida na Romênia
Cidade termal fantasma devastada pela corrupção volta à vida na Romênia / foto: Daniel MIHAILESCU - AFP

Cidade termal fantasma devastada pela corrupção volta à vida na Romênia

A cidade romena de Baile Herculane, outrora apreciada pelos imperadores por suas águas termais, sofreu um grande declínio pela corrupção que se reflete em suas fachadas deterioradas, grafites e escombros, mas jovens arquitetos estão decididos a devolvê-la à vida.

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"Fiquei impactada com a beleza do lugar e, ao mesmo tempo, surpresa com seu estado", comenta Oana Chirila, de 31 anos, que descobriu a cidade "por acaso" há oito anos e agora lidera uma equipe de cinco voluntários.

Depois de décadas de negligência, a Romênia vive uma proliferação de iniciativas cidadãs de proteção e restauração de alguns de seus 800 monumentos históricos que apresentam um estado avançado de deterioração ou até mesmo sofrem o risco de desaparecer. Um terço deles representam perigo para os transeuntes.

A decadência acelerou com o caos da transição do comunismo para a democracia, um período marcado por privatizações opacas e intermináveis batalhas legais, às vezes sob investigação do Ministério Público anticorrupção.

- Época dourada -

Na Antiguidade, as pessoas se banhavam neste enclave rodeado de montanhas, mas foi sobretudo no século XIX que Baile Herculane viveu a sua época dourada.

Construída em 1886 sob o Império Austro-Húngaro, as Termas de Netuno recebiam frequentemente o imperador Franz Joseph e sua esposa Elisabeth, atraídos pelo esplendor do local.

Um século depois, as instalações decaíram e os clientes desapareceram.

Os visitantes agora param para apreciar o edifício deteriorado e, às vezes, observam o interior através de janelas quebradas.

"Sempre temos medo que desabe", suspira Chirila, obrigada a se contentar com reparos enquanto aguarda a resolução de litígios entre as autoridades e os proprietários privados.

A maioria das joias arquitetônicas da cidade de 3.800 habitantes "estão em um estado catastrófico porque estão sob administração judicial", o que impede o uso de fundos públicos ou europeus para restaurá-las, lamenta Chirila.

Mas graças à remodelação progressiva do restante do local, os espaços termais voltaram à moda. Vestiários foram construídos, decks de madeira e piscinas renovados.

- "Lições a seguir"-

Os trabalhos continuam neste verão com o apoio de uma dezena de estudantes.

"Seria maravilhoso se este complexo fosse restaurado tal como era há centenas de anos, conservando, é claro, as influências austro-húngaras", e que voltasse a ser "uma joia da Europa", afirma Aura Zidarita, uma médica de 50 anos que recarregava as energias nos vapores da fonte.

Igualmente encantada, Doina Blaga disse desfrutar de uma experiência "incrível". "Você tem esse spa natural e pode alternar com banhos nas águas frescas do rio".

Há cada vez mais turistas: em 2020 foram apenas 90 mil visitantes, comparados a 160 mil em 2024.

Nos últimos anos, projetos similares em outras partes da Romênia buscam suprir a falta de investimento estatal, aponta Stefan Balici, presidente da Ordem dos Arquitetos Romenos, que destaca "as lições a serem seguidas para preservar o patrimônio".

Chirila às vezes teme que seus esforços sejam apenas um "pequeno curativo" sobre uma ferida aberta, mas quer se manter otimista, encorajada pelas manifestações de interesse de outros amantes da cidade.

"Herculane caiu em decadência devido à corrupção, mas temos esperança" de que graças à ação de cidadãos motivados, "vai se recuperar", diz ela.

H.Kaur--MT