

Conclave provoca frenesi e humor nas redes sociais
Entre vídeos mostrando cardeais como pilotos de Fórmula 1 e a imagem viral de Donald Trump vestido como papa, as redes sociais estão agitadas pelo conclave para eleger o novo sumo pontífice da Igreja Católica.
Provavelmente gerada por inteligência artificial (IA), uma foto colorida compartilhada pelo presidente dos Estados Unidos em sua rede Truth Social no sábado o mostra sentado solenemente em uma poltrona, com o rosto sério, vestido com a batina branca papal e mitra na cabeça.
Veículos de comunicação críticos a Trump afirmam que a imagem é mais uma prova de suas tendências autoritárias, enquanto o próprio mandatário os acusou de não terem "senso de humor".
No total, mais de 1,3 milhão de tuítes relacionados ao conclave foram publicados desde a morte de Francisco, enquanto o tema acumulou 363,3 milhões de visualizações no TikTok, uma rede popular entre os jovens, segundo a plataforma de monitoramento Visibrain.
Até mesmo um jogo online surgiu, "Fantapapa", que permite escolher os cardeais favoritos e fazer previsões no estilo de apostas esportivas.
- Protocolo, mistério e boatos -
Uma eleição a portas fechadas na monumental Capela Sistina, com seu suspense inquietante e fumaça branca ou preta, contém um forte "simbolismo visual" que "se adapta bem aos formatos narrativos das redes sociais", disse à AFP Refka Payssan, pesquisadora francesa em ciências da informação.
"O conclave evoca tanto ouro, protocolo e boatos, como segredos e mistérios", concorda Stéphanie Laporte, fundadora da OTTA, uma agência de consultoria em estratégia digital.
"Nas redes sociais, todo mundo tem uma opinião, e todos querem decifrar as informações, procurar pistas e descobrir qual cardeal se tornará papa. É quase como um 'escape game'", disse a especialista.
Por outro lado, há "curiosidade sobre a história viva".
Um conclave é um evento raro e histórico: o último ocorreu há doze anos.
Além dos católicos, "os jovens estão muito conscientes da influência do papa sobre centenas de milhões, até bilhões, de pessoas, seja por meio de sua postura em relação à contracepção ou ao meio ambiente", observa Laporte.
- Transformação digital e cultura pop -
O interesse gerado pelo conclave também reflete a transformação digital implementada pelo Vaticano nos últimos anos para atrair novas gerações.
A conta oficial do papa no X, @pontifex, criada em 2012 por Bento XVI, mas usada principalmente por Francisco, existe em nove idiomas e tem 50 milhões de seguidores.
A conta do falecido papa no Instagram tinha mais de dez milhões de seguidores.
Com o apoio da Igreja, muitos cardeais também decidiram aparecer nas redes sociais. Alguns se tornaram verdadeiras figuras da Internet.
Tarcisio Isao Kikuchi, arcebispo de Tóquio, posta selfies para seus 2.900 seguidores no Instagram e 1.700 amigos no Facebook, incluindo uma com seus colegas em um ônibus a caminho do túmulo do papa Francisco.
Timothy Dolan, arcebispo de Nova York (cerca de 300.000 seguidores no X e 55.000 no Instagram), costuma publicar vídeos mostrando seus dias em Roma antes do conclave, sem revelar, no entanto, o conteúdo das discussões.
Conhecido por suas posições moderadas, o cardeal filipino Luis Antonio Tagle impressionou com seus vídeos de karaokê. Ele tem mais de 600.000 seguidores no Facebook.
Os cardeais são "personagens absolutamente fascinantes que entraram para a cultura pop", alimentando o entusiasmo do público, observa Stéphanie Laporte.
Ainda mais com obras como o livro "Anjos e Demônios", de Dan Brown, adaptado para o cinema em 2009, ou mais recentemente o suspense "Conclave", do alemão Edward Berger, um grande sucesso nos cinemas e nas plataformas de streaming.
B.Bhattacharya--MT