

Segunda-feira da Mostra de Veneza traz artes marciais e êxtase religioso
A história de um lutador em baixa, protagonizada por Dwayne Johnson, e a de Anne Lee, fundadora do movimento "Shakers", interpretada por Amanda Seyfried, são os destaques desta segunda-feira (1º) na 82ª Mostra de Veneza.
Tanto "Coração de Lutador - The Smashing Machine", dirigido por Benny Safdie, como "The Testament of Anne Lee", realizado pela norueguesa Mona Fastvold, estão entre as 21 produções que disputam este ano o Leão de Ouro, que será entregue em 6 de setembro por um júri presidido por Alexander Payne.
Em "Coração de Lutador", Dwayne "The Rock" Johnson assume o papel do americano Mark Kerr, um dos primeiros lutadores de artes marciais mistas (MMA), que enfrenta problemas de dependência química.
O filme se passa no final dos anos 1990 e início dos 2000, um momento crucial na carreira de Kerr, que, no seu auge, responde a um jornalista que "não sabe" como se sentiria se perdesse uma luta, porque ele "nunca perde".
Mas a obra vai além e mostra Kerr lutando tanto no ringue quanto em casa, onde são recorrentes os embates com sua esposa, Dawn, interpretada por uma dedicada Emily Blunt à beira do colapso.
Johnson, que foi lutador profissional até 2019, lembrou nesta segunda-feira que conheceu Mark Kerr no final dos anos 1990, "um herói".
"Lembro-me de conversar com Mark naquela época (...), tinha tanto respeito por sua carreira. E é surpreendente como, anos depois, a vida pode fechar o círculo de maneira incrível", disse o ator, conhecido por seus papéis em filmes de ação como "Adão Negro" e os da saga "Velozes e Furiosos".
Ao ser questionado sobre esses longas, verdadeiros sucessos de bilheteria, "The Rock" afirmou que fez "esses filmes e os apreciou", mas tinha um "desejo ardente" de explorar outro gênero.
"Muitas vezes é difícil, ao menos para mim (...), saber do que você é capaz quando está categorizado em algo (...) e precisa que pessoas que ama e respeita, como Emily [Blunt] e Benny [Safdie], digam: 'você consegue'".
- Seyfried em transe -
A proposta de Mona Fastvold, por sua vez, transporta o público ao século XVIII, para mostrar os primórdios do movimento religioso conhecido como "Shakers", famoso pelas orações durante as quais os fiéis entravam em transe e agitavam o corpo.
Amanda Seyfried dá vida a Anne Lee, uma britânica de Manchester que, devastada pela perda de quatro filhos ainda bebês, decide renunciar completamente ao sexo e se dedicar inteiramente à religião.
Segundo Seyfried, interpretar esse personagem, que carrega tanto sofrimento, foi "difícil" e também "fantástico", até "terapêutico", declarou em coletiva de imprensa.
O movimento fundado por Lee ganha adeptos que se reconciliam com Deus após terem pecado, sacudindo vigorosamente o corpo, em um filme de época que flerta com o gênero musical, onde os atores interpretam várias canções inspiradas nos hinos reais entoados na época.
"Na história de Anne Lee, o que mais me chamou atenção é a maneira como ela lidera (...) com empatia e gentileza" para "criar um espaço onde todos fossem iguais, homens, mulheres, negros", disse em coletiva de imprensa a diretora Mona Fastvold, que escreveu o roteiro junto com seu marido, Brady Corbet ("O Brutalista").
- Homenagem a Kim Novak -
Nesta segunda-feira, a Mostra de Veneza também homenageou a atriz de Hollywood Kim Novak, heroína do filme "Um Corpo que Cai" ("Vertigo") de Alfred Hitchcock, de 1958.
Com uma sonora ovação, Novak recebeu o Leão de Ouro das mãos do diretor mexicano Guillermo del Toro, antes da estreia do documentário "Kim Novak's Vertigo", dirigido por Alexander Philippe.
"Gostaria de agradecer aos deuses que estão lá em cima, no céu, a todos eles. Não a apenas um em particular, a todos", disse a atriz, de 92 anos.
"Eles me deram um talento tão grande, mas esperaram, esperaram até que não pudesse ser mais importante em minha vida, no final da minha vida, para recebê-lo de vocês."
F.Garg--MT