

EUA sanciona presidente de Cuba quatro anos depois de protestos históricos
Os Estados Unidos endureceram nesta sexta-feira (11) sus política contra Cuba com as primeiras sanções contra o presidente Miguel Díaz-Canel "por sua participação em graves violações de direitos humanos", ao completarem quatro anos de históricos protestos antigovernamentais.
Em 11 de julho de 2021, milhares de cubanos saíram às ruas aos gritos de "Temos fome" e "Abaixo a ditadura" em protestos inéditos desde a Revolução de 1959 que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e centenas de detidos.
Nesse dia, em uma mensagem televisionada, Díaz-Canel deu "a ordem de combate" para que cubanos que apoiam o governo saíssem para confrontar os manifestantes.
Os Estados Unidos sempre condenaram a resposta do governo cubano aos protestos. Contudo, com o retorno do presidente republicano Donald Trump, a relação se tensionou ainda mais.
Trump firmou um memorando no final de junho para blindar sua política de linha-dura em relação à ilha comunista.
Em comunicado, o Departamento de Estado afirmou nesta sexta-feira que "está tomando medidas para implementar" essa política.
"Em solidariedade com o povo cubano e os presos políticos da ilha" os Estados Unidos restringem a entrada em território americano para "líderes-chave do regime" por "sua participação em graves violações de direitos humanos", diz a nota.
As sanções incluem o principal dirigente, Díaz-Canel, que também lidera o Partido Comunista, e dois ministros: o da Defesa, Álvaro López Miera, e o do Interior, Lázaro Alberto Álvarez Casas.
Washington também restringe os vistos a "numerosos funcionários judiciais e penitenciários cubanos responsáveis ou cúmplices da prisão injusta e da tortura dos manifestantes de julho de 2021", diz o comunicado, sem mencionar suas identidades.
As sanções irritaram o chanceler cubano, Bruno Rodríguez.
- 'Guerra econômica' -
Os Estados Unidos "são capazes de impor sanções migratórias contra dirigentes revolucionários e de manter uma guerra econômica prolongada e desumana contra Cuba, mas não têm a capacidade de dobrar a vontade deste povo nem de seus líderes", protestou o chanceler na rede social X.
Ele se refere ao embargo econômico sobre Cuba. Trump reafirma esta política e se opõe aos apelos na ONU e em outros fóruns internacionais para encerrá-la.
Segundo os Estados Unidos, ainda há 700 pessoas presas pelas manifestações de julho de 2021 que são submetidas "a tortura e abusos", enquanto organizações de direitos humanos as estimam entre 360 e 420.
Nesta mesma sexta-feira, o chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, acusou Cuba de torturar o dissidente José Daniel Ferrer, exigiu uma "prova de vida imediata" e pediu "a libertação de todos os presos políticos".
Ferrer, líder da União Patriótica de Cuba (Unpacu), fez parte dos 553 presos libertados em janeiro por um acordo entre Cuba e o Vaticano, depois que o ex-presidente americano Joe Biden aceitou retirar a ilha da lista de países patrocinadores do terrorismo.
Porém, no fim de abril, sua liberdade condicional foi revogada, o que gerou protestos de Washington, que voltou a incluir a ilha na lista de países patrocinadores do terrorismo desde que Trump retornou ao poder em janeiro.
A família do conhecido dissidente tem denunciado torturas.
- 'Torturado até o limite' -
"Torturado até o limite. Cada dia pode ser o último", escreveu sua irmã Ana Belkis Ferrer.
Ela conta que sua esposa Nelva o visitou em 8 de julho na prisão.
"Apresentava agressões visíveis, com múltiplos galos na cabeça, hematomas por todo o corpo, o ouvido esquerdo estourado, a garganta machucada, feridas na boca, debilitado e com uma dor extrema", relata a irmã.
Segundo ela, a direção do centro penitenciário ordenou que "13 reclusos usados como sicários" lhe dessem uma surra.
"Bateram nele com crueldade. Inseriram um bastão em sua boca, colocaram um funil, apertaram seu nariz e o forçaram a engolir uma sopa podre. Disseram-lhe que, se vomitasse, o fariam engolir o próprio vômito", acrescenta.
Além disso, o Departamento de Estado atualizou a lista de lugares restringidos de Cuba e a proibição de alojamentos "para incluir 11 propriedades vinculadas ao regime".
Entre elas está a "Torre K", um hotel de 42 andares em Havana, "para evitar que dólares americanos financiem a repressão do regime cubano", escreveu Rubio.
Este estabelecimento, inaugurado recentemente em uma área central da capital cubana, gerou fortes críticas pelo enorme investimento que o governo fez em hotéis novos quando o turismo é cada vez menor.
"Enquanto o povo cubano sofre com escassez de alimentos, água, medicamentos e eletricidade", diz Rubio, "o regime desperdiça dinheiro".
C.Chaudhary--MT